ANTES DE ENTRARMOS na sala de aula, ficávamos perfilados para cantar o Hino Nacional.
A professora era a autoridade máxima, respeitada e admirada.
A diretora, de olhar severo, semblante fechado, resolvia os casos mais complicados.
Havia respeito, disciplina, decência e ordem.
Já se passaram uns sessenta e cinco anos, mas lembro-me de alguns detalhes.
Nos dias de aula de caligrafia, todos levavam o tinteiro, um vidrinho cheio de tinta para molhar a pena - pequena lâmina de metal, terminada em ponta, adaptada a uma caneta.
As carteiras escolares continham um lugar apropriado para colocar os tinteiros.
A sujeira fazia parte.
Mãos, roupas e cadernos ficavam marcados com a tinta azul.
Era indispensável o uso do mata-borrão, um papel esponjoso para absorver o excesso de tinta no papel.
Sem saudosismo, lembro-me desse tempo ao saber que hoje alunos agridem professores e os ameaçam de morte; que consomem drogas nos intervalos das aulas; que são flagrados com armas de fogo; que as agressões entre eles são uma constante.
A tecnologia evoluiu; surgiram a caneta esferográfica, a internet, a televisão...
E os valores morais?
Evoluíram ou regrediram?
As famílias estão em melhor situação?
Há respeito mútuo entre pais e filhos, marido e mulher?
Não tenho parâmetro nem vivência nessa área para poder avaliar com segurança o que mudou e por que mudou.
Mas confesso que tenho saudade do meu Grupo Escolar, da simplicidade da vida nos tempos que não voltam mais.
Autor:Pr. Airton Evangelista da Costa
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