sexta-feira, 27 de abril de 2012

A IGREJA E O DINHEIRO


Quem conhece a história do protestantismo no Brasil sabe que demoraram mais de 100 anos para que a igreja evangélica viesse a ter por parte da sociedade um reconhecimento de igreja séria, comprometida com a Bíblia e com a evangelização do Brasil e do mundo. Foi um longo caminho de lutas, perseguições, escárnios e todos os tipos de zombarias. Hoje, segundo o último censo do IBGE a igreja evangélica tem perto dos 20% da população brasileira entre as suas fileiras.

Todavia, existe um nó que está entalando a igreja evangélica e jogando por terra a sua reputação de igreja séria, isto é, a questão do dinheiro.

Creio que não seria exagero afirmar que quando se pensa na igreja que ai está, pensa-se logo no dízimo e ou no dinheiro. Interessante a percepção desta realidade. Isto nunca foi um problema para nós evangélicos. Nós íamos para a igreja e recebíamos um ensino sobre o dízimo e o aceitávamos como bíblico e logo colocávamos em prática. A sociedade nem se apercebia deste ensino e desta prática. Ela não nos julgava ou tinha uma má impressão das nossas igrejas por causa do dízimo.


De repente, de uns tempos para cá parece que o povo associa igreja com dinheiro em todos os momentos e em todas as circunstâncias.

Esta é a imagem da igreja evangélica hoje. Uma igreja que pede dinheiro todos os dias e de todas as formas. O pior é que pede oferecendo algo em troca que não lhe pertence, ou seja: as bênçãos de Deus. É irônico. A igreja oferece em troca do dízimo e das ofertas algo que não possui.


O que aconteceu é que nos últimos anos os pastores (de uma maneira geral) descobriram a propaganda, o marketing.

Descobriram que todas as pessoas querem ficar ricas e como é difícil ficar rico neste país de maneira honesta e rápida, oferece-se a riqueza de Deus. Por isso, as igrejas enchem. Enchem de pessoas que querem a bênção. Enchem de pessoas (até sinceras) que precisam sair da falência, que precisam de caixa para a empresa, que precisam pagar as dívidas. A equação para a liderança é lógica: casa cheia – bons rendimentos. Tanto é verdade que entre alguns pastores não se comenta quantas “almas batizou” no ano anterior, mas sim quantos “dizimistas tem” a sua Igreja e quanto arrecada por mês.


Para manter a máquina (igreja) em funcionamento precisam de programas cada vez mais sofisticados, bons músicos, excelentes bandas e cantores.

O show não pode parar. O problema é que a igreja, como já disse acima, não tem nada para oferecer. Por isso, quando a clientela fica cansada dos programas ela pode procurar algo novo em outra igreja e ai é que começa o dilema. Como manter a máquina se o povo está indo embora?


Entram em ação planos mirabolantes para arrecadar dinheiro.

Campanhas dos três dias, sete dias, campanha das sete chaves, campanhas para amarrar o devorador, campanhas disso e daquilo. Nada contra campanhas de minha parte, pois creio no poder de Deus.  Mas estão usando alguns métodos antigos, para atingir prioridades modernas. E o povo que estava indo embora fica mais um pouco. Fica esperando, esperando... e a bênção não vem. Os líderes espertos logo atribuem aos crentes o fracasso do plano: faltou fé (nos crentes).

Queridos (as) passem a desconfiar destes planos. Deus não autorizou ninguém a ofertar bênçãos em seu nome. Deus não outorgou a nenhuma igreja e a nenhum pastor a prerrogativa de negociar em seu nome.


Igreja evangélica fiel é aquela que ensina sobre o dízimo como matéria de fidelidade e gratidão a Deus.

Nestas igrejas você não irá ouvir mais do que uma frase na hora da entrega dos dízimos, mais ou menos assim: “Neste momento nós vamos dedicar a Deus os nossos dízimos e ofertas. Fazemos isso com gratidão em nossos corações. É um privilégio para nós participarmos da obra de Deus na Terra”. Se o palavreado sobre a entrega dos dízimos demorarem mais do que três minutos, fique esperto. Se a apelação para você entregar for baseada em outros argumentos, fique de olho aberto.


Nós, evangélicos comprometidos com Cristo e seu Reino, rejeitamos todo e qualquer esquema humano para a entrega dos dízimos e ofertas.

A igreja de Deus não é máquina de fazer lucros. A igreja é o povo de Deus que se reúne em primeiro lugar para adorarem a Deus, ter comunhão, confraternizar, e assim em união divulgar o evangelho, realizando as obras que Deus deixou em nossas mãos.


Sim, precisa-se de dinheiro, o que não se precisa é para se enriquecer alguns, outros tantos empobreçam.

Deus é o provedor. A prioridade é salvar pessoas, almas valiosas. Não sermões específicos para encher as contas bancárias de poucos. Infelizmente há muitos usando o povo de Deus para se tornarem ricos emergentes.  Nosso papel é seguir e obedecer a palavra do Pai, porque assim teremos a certeza que no acerto de contas, estaremos limpos.






Gentileza:  Pr  J. C. Madeira
madeira.jose@uol.com.br

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